Pular para o conteúdo principal

O mala no bar

Sábado a noite fui a um bar com alguns amigos.
Na mesa ao lado, eu percebi que toda vez que dava um trago no cigarro, o sujeito secava o cigarro. Fingi que não vi.
Não deu cinco minutos o fulano me pede o isqueiro. Eu dei.
Meia hora depois, me pede de novo. Eu dei de novo.
Uma hora depois, mais uma vez. Eu dei, mais uma vez.
Aí que eu percebi que o tal, como eu, fuma bastante no bar (ok, até entendo, com a cerveja do lado é automático), só que ele não trouxe o isqueiro dele. Como um fumante sai em um bar paulistano e não carrega o seu próprio arsenal?
O sujeito me pediu o isqueiro todas as vezes que precisou acender seus quase 20 cigarros do maço. E, todas as vezes, puxava um assunto furado comigo. Algo do tipo "poxa, de novo, né? rsrsrsrs" e eu "é, de novo" com o meu tradicional olhar de poucos amigos. Ou "olha, vou te comprar um isqueiro novo" e eu "é melhor mesmo".
E depois, pior, ele ficou sozinho na mesa. Aí, ele foi ao banheiro, o garçom passou, viu a mesa vazia, já era tarde, desmontou a mesa e levou embora.
Ele voltou do banheiro viu o espaço vazio, olhou pra mim e disse "olha, até a minha mesa levaram!"; eu "é, você vê" quando ele me solta feliz "vou sentar com você e seus amigos", puxa uma cadeira vazia no salão e senta bem ao meu lado.
E não é que ele passou mais uma hora tomando a cerveja dele, colocando no balde de gelo da minha mesa e, au concour, pedindo o meu isqueiro para acender o meu cigarro que, a essa altura, o dele já tinha acabado.

Comentários

Anônimo disse…
Esse é um tipo de cara que eu admiro. É o verdadeiro cara de pau. Não é fácil ser um, tem que ter um minimo de talento. Ele tem. Ao menos você pode reconhecer isso e considerar que conheceu uma pessoa interessante, um cara de pau legitimo. Tudo bem, tem um monte deles por aí. Mas não é sempre que ele se senta à mesa com a gente, usa nosso balde de gele e fuma nosso cigarro.

Parabéns pelo blog. Você é uma boa cronista.
Marina Telecki disse…
Andrea, muito bom!
Adorei o texto... e que situação!
Aff, ninguém merece. =P

Postagens mais visitadas deste blog

Peripécias rodoviárias

Eu vivo umas situações no ônibus que merecem um post. Bom, eu vejo essas esquisitices com mais frequência porque sou obrigada a andar de ônibus todos os dias. Eu juro que não queria! Hoje, por exemplo, eu fiz uma viagem de cerca de 30 minutos junto a uma mulher que tinha certeza que era a Ivete Sangalo. É sério. A dita-cuja foi cantando (em alto e bom som, nota-se) durante todo o caminho. E o pior, a mesma música sem parar. É claro que eu não sabia que música era, mas estava a ponto de decorar. Tenho certeza que era uma dessas porcarias que tocam nas rádios a cada 15 minutos. E ela estava lá, firme nos graves e muito alta nos agudos. A mulher fazia questão de diferenciar cada nota. Quem nunca viajou ao lado de uma pessoa dessas? E, pra melhorar a viagem, o meu MP3 estava sem bateria. Esse aparelhinho me protege dessas agressões sonoras que eu recebo na rua. Mas justo hoje, ele estava sem baterias. É, Murphy. Outro dia da semana passada, eu viajei com uma mulher ao meu lado que usava o

O jornal é meu!

Estava eu no ônibus, indo trabalhar. Mas, dessa vez, era em outro lugar, aonde o ônibus ia vaziiiio e eu conseguia sentar, tranquila. Então, todos os dias, eu ia com o caderno que mais gosto do jornal para degustá-lo durante a viagem. Um dia, sentei em um dos bancos, abri o jornal e comecei a ler. Sentaram ao meu lado uma mulher a amiga dela no banco de trás e desataram a conversar. Eu continuei na minha, lendo o meu jornal. Aí, uma delas tirou da bolsa um jornal, esses do Metrô ou esses pequenos que têm por aí. Ela folheou rapidamente, sem ler qualquer coisa. A amiga falou: _ Já que você leu esse jornal, me dá, quero ler. Me dá! – e pegou com força da mão dela. A outra responde: _Tudo bem, eu quero mesmo é ler o jornal dessa menina aqui do lado, ela já tá acabando. A menina do lado, no caso, ERA EU. Eu olhei pra ela, dei aquela estalada na folha do jornal e voltei a lê-lo. Ela insistiu: _ Você está acabando? Eu respondi: _Não porque quando acabar, vou começar a ler o jornal de novo. D